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Bolsa fecha em perda acumulada de 2,91% em 2014.

 

É a segunda vez seguida que ocorre, após o tombo de 15,5% em 2013. Para 2015, as estimativas são de mais um ano difícil para o mercado acionário local.

Reuters - 30dez14

   

A bolsa paulista fechou o último pregão de 2014 em queda e amargou a segunda desvalorização anual consecutiva, em um cenário de fraqueza econômica e preocupação de investidores com os fundamentos do país.

No ano, o principal índice de ações brasileiras recuou 2,91%, após o tombo de 15,5% em 2013. Em dólar, o Ibovespa acumulou perda de 13,7%.

Para 2015, as estimativas são de mais um ano difícil para o mercado acionário local, com especialistas atrelando qualquer melhora mais consistente da bolsa à implementação de reformas pela equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.

Nesta terça-feira, o Ibovespa recuou 1,16%, a 50.007 pontos, com volume financeiro de R$ 4,5 bilhões. Em dezembro, acumulou desvalorização de 8,62%, fechando o quarto trimestre com declínio de 7,6%.

"O mercado está terminando 2014 cansado, com um quadro ruim da economia", resumiu o gestor Joaquim Kokudai, da Effectus Investimentos.

Nem mesmo o forte ingresso de capital externo foi suficiente para impedir a queda anual da bolsa. No ano até 26 de dezembro, dado mais recente disponível, o fluxo de estrangeiros no mercado à vista estava positivo em quase R$ 20 bilhões.

Estrategistas de renda variável consultados recentemente pela Reuters não veem o Ibovespa barato em termos de fundamentos da economia e múltiplos, como preço de ação versus lucro (P/L) das empresas.

A eleição presidencial deste ano agitou os negócios na bolsa, que chegou a acumular valorização de 20 por cento no ano no fechamento de 2 de setembro, diante da expectativa de vitória da oposição na eleição presidencial. O mercado agora espera por medidas que devem ser adotadas pela nova equipe econômica, liderada por Joaquim Levy no Ministério da Fazenda.

"Todos aguardam se ele conseguirá resolver os problemas da economia. É como um time de futebol que foi rebaixado e trouxe um craque para a próxima temporada", afirmou Kokudai.

Pesquisa feita pela Reuters em meados deste mês indica que o Ibovespa poderá subir a 54 mil pontos no fim de 2015 se Dilma cumprir promessas como a de recuperar as contas públicas e de combater a inflação com mais vigor.

Ainda assim, a alta do Ibovespa seria inferior a 10 por cento, abaixo do retorno obtido com muitas aplicações em renda fixa se considerada a taxa básica de juro Selic atual de 11,75%, e que deve subir no próximo ano.

PETROBRAS EM XEQUE

As ações da Petrobras, no centro de um suposto esquema bilionário de corrupção, não responderam pela maior queda do Ibovespa em 2014, mas certamente espelharam expectativas, frustrações, esperanças e especulações no mercado quanto a mudanças na economia e na política.

A estatal, maior empresa em receita da América Latina, fechou o ano com uma perda próxima de 38% em seu valor de mercado. Suas ações preferenciais caíram 37,7% e as ordinárias desvalorizaram-se 37,96%.

"A situação é muito preocupante para a maior empresa do Brasil e o curto prazo continua bastante sombrio", disse o analista Marco Aurelio Barbosa, da CM Capital Markets.

As cinco maiores quedas do Ibovespa em 2014 foram Oi (-76%), Rossi Residencial (-66,8%), Usiminas (-64,5%), CSN (-60,1%) e PDG Realty (-52,5%).

As maiores altas do índice foram Kroton (+63,8%), Marfrig (+52,5%), Gol (+44,9%), Cetip (+41,1%) e Lojas Americanas (+38,1%).

Pesquisa Reuters a uma semana da votação do primeiro turno da eleição colocava o Ibovespa em 50 mil pontos no caso de vitória de Dilma - tanto a presidente foi confirmada para novo mandato como foram as projeções capturadas no levantamento.

ÚLTIMO PREGÃO DO ANO

Neste pregão, as ações da Petrobras mostraram alguma indefinição na primeira etapa dos negócios, chegando a trabalhar no azul, mas firmaram-se em queda após a abertura negativa em Wall Street.

O desempenho do Ibovespa no último pregão do ano foi prejudicado também pela queda de papéis de empresas de educação, com destaque para Kroton, após o governo estabelecer exigências adicionais à liberação de empréstimos no âmbito do Fies, programa para o financiamento de estudantes do ensino superior.

Como nas últimas sessões, a liquidez reduzida diante da proximidade das festas de fim de ano deixou o rumo dos negócios a mercê de fluxos específicos, sem necessariamente sugerir alguma tendência.

Cielo esteve entre os contrapesos positivos do dia, com alta de 2,36%. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, acordo entre a companhia e o Banco do Brasil para uma joint venture dos negócios com cartões das duas instituições.

As preferenciais da mineradora Vale perderam fôlego e fecharam em baixa de 0,47%, após darem algum suporte mais cedo diante da nova elevação dos preços do minério de ferro na China, com os preços para entrega imediata superando os US$ 70.

Câmbio — Foi o quarto ano seguido de valorização da moeda norte-americana, que acumulou alta de 60% ante o real no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.

Nesta terça-feira, último pregão regular do ano, contudo, o dólar recuou 1,79%, a R$ 2,6587 na venda, em meio a ajustes após a escalada recente e ao baixo volume de negócios.

Em dezembro, a moeda norte-americana avançou 3,39%, no quarto mês seguido de alta, e no trimestre acumulou alta de 8,61%. No ano, o avanço foi de 12,78%.

A expectativa do mercado é que o dólar mantenha a trajetória de alta em 2015, mesmo com a divisa oscilando perto das máximas em quase dez anos.

O relatório Focus do BC mostrou na segunda-feira que economistas de instituições financeiras passaram a projetar o dólar a R$ 2,80 no fim de 2015.

“Esperamos uma valorização global do dólar, com a perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos. É quase impossível imaginar um cenário em que o real fique imune a isso”, afirmou a estrategista para mercados emergentes do banco Jefferies em Nova York, Siobhan Morden.

Os últimos indicadores econômicos dos EUA têm reforçado a percepção de que a recuperação norte-americana segue forte, apesar do fraco crescimento de outras economias importantes, pavimentando o caminho para uma alta dos juros que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil.

No quadro interno, a expectativa é que o BC reduza gradualmente sua atuação no mercado de câmbio, embora deva continuar atuando diariamente no primeiro semestre de 2015.

O BC tem intervindo diariamente no câmbio desde agosto de 2013, justamente quando o Federal Reserve, banco central norte-americano, começou a sinalizar que pretendia reduzir seu programa de estímulos monetários. Na época, a oferta diária era de 10 mil contratos de swaps cambiais e o programa incluía também leilões semanais de venda de dólares com compromisso de recompra, os chamados leilões de linha.

Em 2014, o BC reduziu sua presença no mercado, eliminando os leilões de linha e passando a ofertar diariamente 4 mil swaps. Entre os agentes financeiros, a expectativa é que, agora, o BC reduza as ofertas diárias de swap e calibre as rolagens de swaps para garantir que o estoque desses contratatos não cresça muito, preparando o terreno para mais uma redução nas atuações diárias.

O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, já afirmou que o BC continuará ofertando o equivalente a entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões em swaps cambiais por dia, mas não precisou ainda qual será o montante. Ele também tem afirmado que o atual estoque de swaps, que corresponde a pouco mais de US$ 100 bilhões, já dá conta da demanda por proteção cambial.

“É natural que o dólar seja um pouco pressionado com o BC diminuindo as ofertas de swap, mas ele já indicou que vai fazer isso de forma bastante gradual”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC, Francisco Carvalho.

Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 195,1 milhões. Foram vendidos 550 contratos para 1º de setembro e 3,45 mil contratos para 1º de dezembro de 2015.

Na véspera, a autoridade monetária também concluiu a rolagem dos swaps que vencem em janeiro, rolando praticamente todo o lote equivalente a US$ 9,827 bilhões de dólares. Nos últimos quatro meses, o BC tem feito rolagens praticamente integrais.

O plano do BC de reduzir as intervenções deve ser auxiliado pela melhora da credibilidade fiscal do governo. O ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, já disse que perseguirá em 2015 uma meta de superávit primário equivalente a 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e, nos anos seguintes, buscará a redução da dívida bruta.

Essas promessas têm agradado os agentes financeiros, que criticam a condução atual da política fiscal por ser excessivamente expansionista e pouco transparente. Mas operadores ainda querem ver garantias de que esse objetivo será cumprido, uma vez que a avaliação é que o caminho não será fácil.

Na segunda-feira, o governo anunciou um pacote de ajustes nas regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários que deve gerar economia anual de US$ 18 bilhões.

“O dólar vai subir, sem dúvida, mas um ajuste fiscal crível pode amortecer a pressão”, disse o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold.

Nesta sessão, o dólar chegou a cair quase 2,5%, a R$ 2,6406, em um movimento amplificado pela briga antes da formação da Ptax de dezembro. A Ptax, que serve de referência para diversos contratos cambiais, fechou a R$ 2,6556 para compra e R$ 2,6562 para venda.

 

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